É plágio, sim senhor!
Está brilhante! Retirado á bruta daqui...
Os homens, assim de repente, não querem nada. Querem descobrir o que querem a meio do caminho. Sendo vaidosos, não querem ser excessivamente elogiados, senão pensam, automaticamente, que estão a ser gozados. Querem dormir quando não aguentam mais acordados, nunca por opção. Querem deixar de ser eles próprios e procuram-no viajando. Querem sentir-se inteiros quando desfazem as malas. Os homens não querem o meio-termo. Querem ficar sossegados a dois e chamar a atenção em público. Falam mais do que devem e calam-se a mais do que podem. Não se querem explicar quando erram. Criticam a sogra como forma de magoar a mulher. Ofendem como forma de se magoar a si próprios. Antes de decidir já disseram sim a tudo. Quando lhes falta o desejo querem, sempre, ter razão. Querem almoçar muito depressa e jantar com muita calma. Não gostando de mistérios, gostam de ter segredos para contar aos amigos. Querem o passado ao seu lado de mãos dadas. Gostam de sair para poderem voltar. Querem arrecadar a sua infância numa gaveta. Não querem estar cansados. Querem mostrar boa disposição mesmo quando estão cansados. Querem consolar para evitar chorar. Querem amizade quando falam de sexo, querem sexo quando falam de amizade. Querem mostrar-se pacientes. Querem o emprego do amigo. Querem o prato da mesa ao lado. Querem fazer sofrer mais do que já sofreram. Numa conversa, fingem que sabem o que não percebem e tentam perceber durante a mesma. Querem amar sem data de início. Querem casar sem assinar os papéis. Querem os seus lugares preferidos. Querem ter um confidente para se não trairem. Querem usar a roupa até ao seu fim. Querem carregar os sacos das compras, não querem ser convidados a fazê-lo. Querem ouvir o seu nome para voltarem à conversa. Querem beber sozinhos a sua ressaca. Querem jogar futebol com os amigos para voltarem a ser pequenos. Querem ter a última palavra. Querem ser desejados por vaidade. Querem esperar à porta para pressionar. Querem chegar atrasados para não ter de esperar. querem viver depressa para evitar desabafar. Querem arrepender-se do que não fizeram. Preferem ser esquecidos do que pouco lembrados. Querem começar o que ainda não acabaram. Querem que a mãe, em jantares de família, se cale antes de falar deles. Querem expectativas para não desistirem. Querem desistir das expectativas. Querem aprisionar e interrogar os ciúmes. Querem telefonar sem nada para dizer. Querem ser pais dos seus próprios pais. Querem amar os filhos como se fossem eles próprios os filhos. Querem deixar dúvidas. Querem a aparência de uma aventura. Querem descobrir a sua mulher pela sua respiração. Querem transformar os seus deveres nos seus direitos. Querem arrancar uma árvore para atravessar um ribeiro. Querem dominar os seus impulsos. Querem reconhecer-se no escuro. Querem avançar para se repetirem. Querem recuar para se repartirem. Querem morrer de mãos dadas.
2 comentários:
adorei estes dois posts do gostar à bruta :) mesmo genial... e verídico.
Ele escreve coisas realmente fabulosas!
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