sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Da saudade.


(...) O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou de coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembra-lo. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doida, devidamente honrada. É uma dor que é preciso, primeiro, aceitar. É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos moí mesmo e que nos da cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.(...)
M.E.C.


2 comentários:

Anónimo disse...

Só para deixar um beijinho e dizer... reconsiderei ;)

Clepsydra disse...

Parece tão óbvio e, no entanto, é tão comum a recusa em aceitar que é preciso transbordar de tristeza, para deixar de estar triste. É preciso ser dolorosamente invadido de saudade para, enfim, partir!