sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A pureza do amor...

Eu tinha vinte e poucos anos e, para mim, dizer que o amor se reduz a uma linguagem de pele e o sexo a uma simples terminologia era quase um sacrilégio. Tinha a idade em que o amor, seja lá isso o que vier a ser, é um valor supremo de um horizonte onde só se divisa a felicidade. Dizia a palavra, ou murmurava-a por dentro do coração e era como se tudo se iluminasse na aurora de um futuro inextinguível, de uma beatitude alcançável, ou, pelo menos, de um objectivo estimulante pelo qual valia a pena lutar, antes de tudo, apesar de tudo.Com o tempo, descobri que esse horizonte, se existe, é eternamente móvel e que, além disso, quando a vista vai fraquejando, a sua perspectiva se torna cada vez mais remota. Mas, nessa altura, eu acreditava na pureza infinita do amor, na sua concreta substância...

(António Mega Ferreira- AMOR)

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